MULHER, 50 ANOS, peso normal, entrando na menopausa, praticante de atividade física leve mas regular (caminhada no parque três vezes por semana), histórico de doença cardíaca na família.
A proporção de infarto nas mulheres, antes da menopausa, é de três casos em cada 10 ocorrências. Após esse período o risco vai aumentando até se igualar ao do homem. Em torno dos 60 anos, o sexo feminino passa a ter os mesmos riscos que o masculino. E não adianta fazer reposição hormonal para evitar os problemas cardiovasculares. Essa pessoa deve relatar ao médico seus antecedentes familiares, para avaliação mais precisa dos riscos, bem como manter os hábitos saudáveis — exercício e alimentação equilibrada — em sua rotina diária.
MULHER 65 ANOS, circunferência abdominal 92 cm, sedentária, colesterol e triglicérides sob controle, glicemia elevada.
Esse dado em relação à glicemia revela intolerância ao açúcar, o que pode levar ao desenvolvimento do diabetes e conseqüentemente elevar os riscos cardíacos. Essa pessoa deve investir em uma dieta balanceada, reduzindo o consumo de doces (principalmente) e carboidratos, e incluir obrigatoriamente atividade física (leve, especialmente por causa da idade) em sua rotina diária.
OS 10 MANDAMENTOS
A Cartilha do Coração, elaborada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, orienta você a manter uma vida saudável:
1 - Diga não à obesidade e controle o seu peso
2 - Consulte seu médico periodicamente
3 - Meça a sua pressão arterial com freqüência
4 - Diga não ao fumo
5 - Verifique a quantidade de sal nos rótulos dos alimentos
6 - Diga não ao sedentarismo. Pratique uma atividade física
7 - Escolha bem os alimentos
8 - Descubra se é diabético e se tem colesterol alto
9 - Evite o estresse
10 - Ame a vida e seu coração
“Em termos de nutrição, o pior para o coração são as gorduras saturadas e as trans”, resume a nutricionista Cyntia Carla da Silva, diretora do Departamento de Nutrição da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp). E onde estão estas vilãs? As saturadas são encontradas em produtos de origem animal (carne vermelha, branca, leite e derivados) e as trans em produtos com gordura hidrogenada (massas folhadas, sorvetes, biscoitos). “O problema é que no Brasil o consumo de carne é muito grande, o que conseqüentemente aumenta a ingestão de gordura saturada”, avalia Cyntia. E se pensarmos que a indústria alimentícia tem retirado a trans de seus produtos, trocando-a pelo óleo de palma (que embora cause menos impacto à saúde, ainda representa uma gordura — e no caso, saturada), é ‘fácil’ passar do limite do consumo adequado. Outro erro é o indivíduo consumir produtos com baixa caloria, como se elas simplesmente não existissem. Resultado: excesso que favorece o ganho de peso. Segundo a nutricionista da Socesp, o prato deve ser dividido assim: 2/4 com verduras, legumes, cereais integrais; 1/4 com arroz e feijão e 1/4 com uma porção pequena e magra de carne. A nutricionista Miriam Topein Ghorayeb, da Socesp, lista ainda alguns alimentos funcionais com benefícios comprovados ao coração: soja, aveia, fitoesteróis (óleos vegetais), flavonóides antioxidantes (verduras, frutas, castanhas) e ômega 3 (salmão, atum, sardinha).
PALAVRA DO ESPECIALISTA
O cardiologista Nabil Ghorayeb, do Instituto Dante Pazzanese, acaba de
lançar os livros Ninguém Morre de Véspera (Phorte Editora), e Tratado de Cardiologia do Esporte e do Exercício (Editora Atheneu). A partir de sua experiência, ele dá dicas para o seu dia-a-dia.Por que o senhor diz que ‘ninguém morre de véspera’?
A expressão, que dá título ao meu livro e foi uma sugestão do jornalista José Paulo de Andrade, tem a ver com prevenção. E é nisso que acredito: investindo em prevenção conseguiremos minimizar ou corrigir os problemas que vierem a surgir.
A que sinais devemos ficar atentos para perceber os problemas no coração?
Na maior parte das vezes o corpo manda avisos. Mas nem sempre o indivíduo percebe. A pessoa ganha um pouco de peso, tem a taxa de colesterol um pouco alta, a pressão é um pouco elevada, mas nos exames esses fatores não foram considerados graves. Então o paciente relaxa. Acredito que tenha sido esse o caso do Bussunda (humorista, morto em junho, de infarto, aos 42 anos). Nós, cardiologistas, queremos deixar claro que pequenos problemas acabam levando a grandes problemas. A maioria dos infartados está com colesterol na faixa de 220 a 250 — e não 300; a pressão alta que leva ao evento cardíaco gira em torno de 15/9 ou 14/9 — e não o pico de 20/15. Não ter sintomas também não quer dizer que você esteja livre de riscos. Daí a importância da prevenção e da avaliação correta feita por médicos.
Quais as medidas práticas que devem ser adotadas no cotidiano?
É preciso seguir hábitos de vida saudáveis. A alimentação deve ser variada, com equilíbrio de proteínas, carboidratos, gorduras e vitaminas, além de se evitar alimentos de risco como as gorduras saturadas e trans. Já a atividade física deve ser de leve a moderada, de três a quatro vezes por semana, como uma simples caminhada em ritmo moderado, ou um andar acelerado.
A ansiedade e o estresse representam perigo para o coração?
Quando constantes e prolongados são fatores agressores. Essas respostas agressivas ao corpo causam danos ao sistema circulatório, ao cérebro, podem provocar asma, gastrite, colite e até infartos. É importante, então, procurar atividades para descarregar o estresse: esporte, leitura, cinema, música, internet... Permita-se relaxar no dia-a-dia.
PRODUÇÃO: CHRIS OSTERREICHER. AGRADECIMENTOS: BECTON DICKINS INDÚSTRIAS CIRÚRGICAS LTDA. ( ESTETOSCÓPIO) E MARCYN ( SUTIÃ BRANCO)
Fonte: Revistavivasaude
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